Existem algumas coisas que ficam realmente escancaradas nessa época do ano. A que mais faz diferença para mim é a aversão que tenho a essa tal "cultura" brasileira.
Tudo o que aparece na TV nos dias que antecedem o "maravilhoso e feliz Carnaval from Brazil" são reportagens, entrevistas e divulgações sobre a festa. Mas tudo mesmo. Programas, jornais, propagandas e novelas, tudo se volta ao Carnaval. E, consequentemente, multiplicam os comerciais de cerveja, camisinha e acidentes de trânsito.
Todo esse escancaramento faz o público pensar que quem não gosta da festa deve ter algum problema mental ou psicológico.
Bem que poderia ficar só nisso.
Alguém já reparou no comercial mais recente do "Sundown"? Logo na primeira vez em que o assisti, o que ficou na minha cabeça foi o cara falando "E se você não gosta de sol...de que planeta você é?".
"É, obrigada por confirmar de que não estou no planeta certo", pensei.
Não diria "planeta", e sim "lugar". Uma das coisas que mais me influenciam é o ambiente em que vivo. Se não me sinto bem em um certo lugar, vou trilhar o meu caminho para que eu consiga sair dele.
E são mínimas (microscópicas) as coisas que me agradam por aqui. Às vezes até evito sair na rua para não passar raiva. Raiva com o clima, com as pessoas, com os lugares, com a sujeira, com os costumes ruins e irreversíveis.
Raiva quando assisto TV, leio o jornal, ou quando ouço discussões entre pessoas atrasadas que mal sabem sobre o que estão falando.
Não, não tenho uma solução para o Brasil, até porque muitas pessoas gostam do país do jeito que ele é. Então não posso falar de "solução", porque a incomodada sou eu.
E também não tenho palpites sobre um lugar "perfeito". Até porque não acredito que tal lugar exista.
Mas o meu maior desejo é um dia ter condições de conhecer vários lugares diferentes, vários lugares que sempre quis conhecer, vários lugares em que nunca botei muita fé. Quero me impressionar, quero ser pega de surpresa, quem sabe até quebrar a cara. Pois viver com aquele constante sentimento de insatisfação, como acontece com a maioria das pessoas, é com certeza uma das maiores tristezas do ser humano.
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Há 12 anos
3 comentários:
Eu penso igualzinho você. :/
Se bem que acho que já consegui abstrair muitas coisas... é, isso é "fechar os olhos", não se pode radicalizar tbém. Mas eu vejo uma saída, mesmo que mínima, qdo tento mostrar esse tipo de coisa pros meus alunos. A grande maioria detesta sociologia, porque ela te pede que você, então, "abra os olhos" e diga o que você está vendo. E essa grande maioria não quer fazer isso, e assim continua tudo na mesma e o país "cai no samba" e acha tudo lindo e natural. Eu acho deprimente. E me sinto praticamente uma exilada...
isso pq vc não mora em Salvador, Cris. pense em um caso drástico...
Muito bom texto.
Merecia uma divulgação, mas, convenhamos, não faria o mínimo sucesso.
Sucesso é bunda, sol e gente com grana.
Abraços!
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